COLUNA

Suelma Rosa

[ELA/DELA]

Diretora Sênior de Reputação e Assuntos Corporativos para América Latina na Unilever

O modelo de negócio do futuro (próximo)

Os impactos do ESG no desenvolvimento sustentável

O termo “desenvolvimento sustentável” surgiu nos anos 80, cunhado e conceituado pela diplomata e médica Gro Harlem Brundtland, também ex-primeira-ministra da Noruega. No entanto, a aspiração global pela implantação desse modelo de desenvolvimento tem se intensificado, como deveria, apenas nos últimos anos. Foi preciso que outros conceitos dentro dessa visão sustentável surgissem e se fortalecem para que esse desenvolvimento fosse mais bem compreendido, ganhasse contornos práticos e de metodologia para então enxergarmos o ganho de impulso.

Com outros conceitos, me refiro, principalmente, ao tripé da sustentabilidade (triple bottom line) que se baseia em três pilares: pessoas, planeta e lucros, e à sigla ESG (do inglês environmental, social e governance) que se refere a práticas ambientais, sociais e de governança – ou ASG, no português. Ambos os conceitos são muito semelhantes, as nomenclaturas se complementam e impactam fortemente a evolução do desenvolvimento sustentável, especialmente o ESG, considerado um índice que avalia as operações das empresas conforme os seus impactos nos três eixos que designa.

Hoje, o ESG se transformou em um fenômeno que está mudando o mundo empresarial e financeiro. Após mais de três décadas de existência, é o ESG que tem conseguido materializar o desenvolvimento sustentável ao ter tração suficiente para nortear os negócios e as finanças globais, aqui mora a grande virada de chave. Tanto que, para nós na Unilever, as empresas de sucesso do futuro próximo serão muito diferentes do que testemunhado. Acreditamos que essas empresas irão se posicionar e agir sobre as grandes questões sociais e ambientais que o mundo enfrenta, fazendo um bem maior ao nosso planeta em vez de apenas causar menos danos, e vamos além, elas irão compartilhar a riqueza que geram de maneira mais igualitária e justa.

No Brasil, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o patrimônio dos fundos de investimento focados em sustentabilidade e nos critérios ESG passou de R$ 1,03 bilhão em 2008 para R$ 2,01 bilhões em março deste ano. No cenário global, estima-se que pelo menos 30 trilhões de dólares em ativos estão hoje sob gestão de fundos que apenas aplicam seus recursos em negócios e empresas com práticas sustentáveis. Esse crescimento é resultado, principalmente, do interesse da sociedade. Os consumidores estão indo às ruas para cobrar que as empresas adotem práticas sustentáveis e se comprometam com uma atuação ética e de inclusão social. Os impactos da pandemia do coronavírus reforçaram esse cenário e aceleraram essa tendência.

Por aqui, a nossa essência é inteiramente ligada à propósitos e o nosso é tornar a sustentabilidade parte do dia a dia de todos. Uma missão e tanto, que nos motiva e engaja todos os dias e nos inclina a respirar e a trabalhar – em tudo o que nos propomos – com os princípios que norteiam os critérios ESG. Na Unilever entendemos que precisamos ser mais que apenas uma empresa sustentável para atingir o nosso propósito, precisamos estar verdadeiramente preparados para o futuro, digitalizades, mais rápides e ainda mais flexíveis para anteciparmos as muitas mudanças significativas que estão moldando a nossa indústria e a sociedade.

Não enxergo outro caminho para empresas e organizações que pretendem ter sucesso e reputação correspondente no futuro próximo se não for trilhando as premissas do ESG, que possibilitam a entrega do desenvolvimento sustentável tão imprescindível para a manutenção das próximas gerações. Na Unilever essa visão é a nossa estratégia de negócio há muitos anos e é como temos impulsionado um crescimento responsável e sustentável, pois sem um planeta saudável, com pessoas saudáveis, não é possível ter um negócio saudável. Nós queremos usar a nossa escala e influência para criar mudanças positivas para além das nossas portas, e temos orgulho em contar que estamos conseguindo.

Nossa atuação no mercado brasileiro tem trazido inovações que são entregues mais sustentáveis para a sociedade. Temos revisitado constantemente o nosso portfólio para oferecer ao consumidor, por exemplo, produtos de limpeza e lavanderia sustentáveis e ao mesmo tempo mais acessíveis. O movimento “Futuro Limpo” é uma iniciativa da categoria de ‘cuidados com a casa’, que visa promover o fim do uso de substâncias químicas derivadas de combustíveis fósseis. Um segmento importantíssimo para o Brasil, no qual hoje somos referência, é a economia circular com a reciclagem de embalagens plásticas. Somos pioneiros em utilizar resina plástica pós-consumo em larga escala, atribuindo valor ao plástico após ser utilizado pelas pessoas e ajudando diretamente a combater a poluição plástica. Inclusive, este case levou a companhia à COP26, no ano passado, e nos impulsiona a buscarmos outras tecnologias e inovações para termos cada vez menos plástico virgem em nossas embalagens e, consequentemente, no mundo. Com o uso do flexível reciclado foi assim: hoje, ele já vira tampas de desodorantes e cremes de tratamento na Unilever Brasil.

Além do nosso propósito, temos como visão ser líder global em negócios sustentáveis. Com o detalhamento da nossa atuação, acredito que conseguimos demonstrar como um modelo de negócio guiado por propósitos, pronto para o futuro baseado no ESG consegue resultados melhores e contribui para o desenvolvimento sustentável do mundo, fazendo um bem maior para o planeta e as pessoas.

Artigo Originalmente postado na Revista Ética Nos Negócios – Unilever 

COLUNISTA

Suelma-Rosa

Suelma Rosa

[ELA/DELA]

Diretora Sênior de Reputação e Assuntos Corporativos para América Latina na Unilever e Co-fundadora e Membro do Conselho Impulsinador da Women in Government Relations. Suelma é professora da Escola Aberje de Comunicação, Doutora no Departamento de Ciência Política da Universitè Paris I: Pantheòn – Sorbonne, Mestre em Política Internacional e Comparada pela Universidade de Brasília, MBAs em Estratégia empresarial e Gestão de Projetos pela FGV, Especialista em Negociação e Gestão de Conflito pelo Harvard Negotiation Institute e Bacharel em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília, coordenou cursos de graduação em Relações Internacionais em Brasília e leciona em programas de graduação e pós-graduação desde 2005 no Brasil e exterior. Em 20 anos de carreira, atuou no Governo Federal brasileiro na área de Comércio e Negociações Internacionais, servindo em países como China, Índia, Japão e Suíça. Liderou estratégia de advocacy de Sustentabilidade, Mudanças Climáticas, Meio Ambiente, Infraestrutura e Compras Públicas em ONG Internacional e nas Nações Unidas em Convenções e Tratados Internacionais, bem como nos marcos normativos nacionais de países da América Latina e Caribe.
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