Uma revisão da positividade sexual e seu potencial de cura
Em um mundo que historicamente luta contra tabus e estigmas em torno da sexualidade, o conceito de positividade sexual surge como um farol de luz, desafiando as normas sociais e promovendo relacionamentos saudáveis.
O termo sex positivity (“positividade sexual”) tem uma história rica, e seu significado vai além da mera aceitação de diversas identidades e práticas sexuais. Este artigo explora as origens da positividade sexual, como ela promove relacionamentos saudáveis e seu papel potencial na cura de traumas sexuais, com insights do trabalho de Wilhelm Reich.
O termo “positividade sexual” foi popularizado por ativistas feministas na década de 1980, como parte de um movimento mais amplo de liberação sexual. Enfatiza a aceitação de diversas expressões de sexualidade sem vergonha ou julgamento. A positividade sexual se esforça para desestigmatizar tópicos como, prazer, práticas sexuais e sexo consensual, ao mesmo tempo em que defende a educação sexual e o empoderamento.
Promoção de relacionamentos saudáveis
A positividade sexual estabelece as bases para promover relacionamentos saudáveis, incentivando a comunicação aberta, o consentimento e o respeito mútuo. Ao reconhecer que os desejos e limites sexuais variam entre as pessoas, ela ajuda parceires a se envolverem em discussões sobre suas necessidades e preferências, sem medo de julgamento. Este diálogo aberto contribui para um ambiente onde o consentimento é explícito e ambas as partes podem desfrutar de experiências sexuais satisfatórias.
A influência de Wilhelm Reich
Wilhelm Reich, psicanalista e psiquiatra, explorou as intrincadas conexões entre corpo, mente e sexualidade. Seu trabalho explicou como os traumas emocionais e físicos podem se manifestar como sofrimento psicológico. A ênfase de Reich na relação entre energia sexual e bem-estar mental ressalta a importância de uma abordagem holística da cura.
“AS ENFERMIDADES PSÍQUICAS SÃO A CONSEQUÊNCIA DO CAOS SEXUAL DA HUMANIDADE.”____Wilhelm Reich
O tema “sexualidade” atravessa realmente todos os campos científicos de pesquisa. No fenômeno central, o orgasmo sexual, deparamos com questões derivadas do campo da psicologia tanto quanto da filosofia, da biologia e da sociologia.
A economia sexual germinou no seio da psicanálise de Freud, entre 1919 e 1923. A sua separação material da matriz se deu por volta de 1928, mas até 1934 não se afastou da International Psychoanalytic Association.
“A tentação de negar a origem sexual de tantas enfermidades é muito maior no caso da economia sexual do que na psicanálise. Foi só com grande esforço que consegui estabelecer o termo economia sexual. Este conceito pretende abarcar um novo campo científico: a investigação da energia biopsíquica. De acordo com a visão corrente da vida, sexualidade é um termo ofensivo. É muito tentador negar a sua importância para a vida humana. Será necessário, sem dúvida, o trabalho de muitas gerações antes que a sexualidade seja levada a sério pela ciência oficial e pelos leigos; não o será provavelmente antes que as questões sociais de vida e morte atirem sobre nós a absoluta necessidade de compreender e de dominar o processo sexual, livre de repressões sociais”.
____Wilhelm Reich (A Função do Orgasmo, 1948/1975a, p. 9)
Os resultados da pesquisa biofísica e física de Reich, desde 1934, foram apresentados em estudos especiais no International Journal for sex-economy and Orgone Research (1942-45).
Esse conhecimento existe e, com a republicação das obras de Reich, torna-se novamente acessível. Devemos aprender a tolerar a verdade. Devemos aprender a entender e a respeitar a função bioenergética da convulsão orgástica; e devemos estudar para saber no que nos tornamos, e o que fazemos, quando essa função é contrariada e negada.
É um medo biofisiológico, e constitui o problema central do campo psicossomático de investigação.
“A estrutura do caráter do homem moderno, que reflete uma cultura patriarcal e autoritária de seis mil anos, é tipificada por um encouraçamento do caráter contra a sua própria natureza interior e contra a miséria social que o rodeia. O homem alienou-se a si mesmo da vida, e cresceu hostil a ela. (…) Essa alienação não é a origem biológica, mas socioeconômica. Não se encontra nos estágios da história humana anteriores ao desenvolvimento do patriarcado. (…) A formação das massas no sentido de serem cegamente obedientes à autoridade da família, a supressão da sexualidade nas crianças pequenas e nos adolescentes é a principal maneira de conseguir essa obediência.” ____Wilhelm Reich
As emoções biológicas que governam os processos psíquicos são, em si, a expressão direta de uma energia rigorosamente física, o orgônio cósmico.
Com a criação do Instituto [SSEX BBOX], propomos um aprofundamento crítico sobre este assunto, que pode contribuir para o respeito às liberdades individuais e para o avanço da sociedade em suas diversas esferas.
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Curando o trauma sexual através da positividade sexual
A sociedade pode desempenhar um papel crucial na cura do trauma sexual ao abraçar a positividade sexual. Ao desmantelar a vergonha e o silêncio que muitas vezes cercam as discussões sobre agressão e abuso sexual, as pessoas sobreviventes podem se sentir fortalecidas para buscar apoio e compartilhar suas histórias. Incentivar sobreviventes a recuperar seus corpos e explorar seus desejos dentro de um contexto consensual e de apoio pode ser fundamental no processo de cura.
Praticando a cura em torno da sexualidade e do trauma
A sociedade pode desempenhar um papel crucial na cura do trauma sexual ao abraçar a positividade sexual. Ao desmantelar a vergonha e o silêncio que muitas vezes cercam as discussões sobre agressão e abuso sexual, as pessoas sobreviventes podem se sentir fortalecidas para buscar apoio e compartilhar suas histórias. Incentivar sobreviventes a recuperar seus corpos e explorar seus desejos dentro de um contexto consensual e de apoio pode ser fundamental no processo de cura.
Educação: Educação sexual abrangente, que inclui discussões sobre consentimento, limites e relacionamentos saudáveis, é crucial. A educação reduz a probabilidade de trauma sexual ao capacitar os indivíduos com o conhecimento para tomar decisões informadas.
Abordagens terapêuticas: terapia, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC) ou terapia somática, pode abordar os aspectos emocionais e físicos do trauma sexual. As técnicas que se concentram na liberação da tensão e na reconexão com o próprio corpo podem ser particularmente benéficas.
Comunidades de apoio: é importante criar espaços seguros, onde pessoas sobreviventes possam compartilhar suas experiências, livres de julgamento, promovendo a cura e um sentimento de pertencimento.
Práticas mente-corpo: mindfulness e atenção plena, meditação e ioga podem ajudar os sobreviventes a se reconectarem com seus corpos e gerenciarem os gatilhos associados ao trauma.
A positividade sexual representa uma mudança de paradigma, defendendo a celebração de diversas identidades e práticas sexuais. Em um mundo onde o trauma sexual e a vergonha são difundidos, abraçar a positividade sexual e integrar os insights de Wilhelm Reich pode guiar a sociedade em direção a uma abordagem mais saudável e liberada da sexualidade. Ao promover diálogos abertos, priorizar o consentimento e nutrir comunidades solidárias, podemos embarcar em uma jornada coletiva de cura que abrange corpo e mente.