COLUNA

Klaus Anibal

[ELE/DELE]

Eng. Ambiental com expertise em DE&PI, liderança inclusiva e representação global na Uber.

Contexto da população trans no Brasil e o mercado de trabalho

Contexto da população trans no Brasil e o mercado de trabalho

Cerca de 3 milhões de pessoas no Brasil (aproximadamente 2% da população adulta) se identificam como transgênero ou não binárias. Apesar de a transfobia ser crime no Brasil desde 2019, o país é ainda o que mais mata pessoas trans e travestis em todo o mundo pelo 13° ano consecutivo conforme o relatório de 2021 da Transgender Europe (TGEU), que monitora dados globalmente levantados por instituições trans e LGBTQIA+.

A transfobia também é um dos causadores da exclusão de pessoas trans no mercado formal de trabalho. O estigma sofrido pela comunidade trans vai desde olhares incômodos na hora da entrevista ao não uso do nome social, mas também passa pela divulgação da vaga onde pessoas trans não têm acesso ou até por níveis de exigências muito altos e não inclusivos, como por exemplo a obrigatoriedade de um segundo idioma fluente ou sistemas de tecnologia avançados.

No Brasil, devemos reconhecer a falta de acesso ao sistema educacional também como um fator crítico para a empregabilidade de pessoas trans no merdaco de trabalho. Segundo pesquisa realizada pela Rede Nacional de Pessoas Trans do Brasil, 82% das pessoas trans abandonam o Ensino Médio entre os 14 e os 18 anos. Os dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), de 2022, são ainda mais reveladores. A pesquisa mostra que cerca de 70% das pessoas trans e travestis não concluíram o Ensino Médio e apenas 0,02% dessa população teve acesso ao ensino superior. 

Qual o papel das empresas?

As empresas desempenham um papel crucial na promoção da inclusão e diversidade no local de trabalho, especialmente ao empregar pessoas trans. Isso não apenas cria um ambiente mais justo e equitativo, mas também enriquece a cultura organizacional e impulsiona a inovação. Algumas das principais responsabilidades das empresas incluem: 

  1. Políticas Inclusivas: Implementar políticas inclusivas que protejam os direitos das pessoas trans, garantindo igualdade de oportunidades e tratamento justo.
  2. Capacitação e Sensibilização: Oferecer treinamentos regulares sobre diversidade e inclusão para todos os funcionários, aumentando a compreensão e reduzindo preconceitos e discriminações.
  3. Ambiente Seguro e Acolhedor: Criar um ambiente de trabalho seguro e acolhedor, onde as pessoas trans se sintam valorizadas e respeitadas, independentemente de sua identidade de gênero.
  4. Processos de Recrutamento Justos: Desenvolver processos de recrutamento e seleção que sejam imparciais e focados em habilidades e competências, evitando qualquer tipo de discriminação.
  5. Apoio e Recursos: Disponibilizar recursos e apoio, como grupos de afinidade e acesso a serviços de saúde adequados, para atender às necessidades específicas das pessoas trans.
  6. Monitoramento e Avaliação: Monitorar continuamente as práticas de inclusão e diversidade, avaliando o progresso e implementando melhorias conforme necessário.

Ao adotar essas práticas, as empresas não apenas promovem a inclusão social, mas também se beneficiam de uma força de trabalho diversificada e motivada, capaz de contribuir significativamente para o sucesso organizacional.

Uber lança programa de mentoria exclusivo para pessoas trans

Durante o Mês do Orgulho — e em todos os meses — A Uber acredita que todos têm o direito de se mover livremente, com segurança e sem medo.

Estamos dedicados a apoiar nossa comunidade para que vivam uma vida aberta e autêntica, amem quem e como quiserem, e se sintam empoderados para falar a sua verdade.

No mês do Orgulho LGBTQIAP+, a Uber lança um programa de mentoria gratuito exclusivo para pessoas  trans em parceria com o Instituto [SSEX BBOX]. A iniciativa, ainda em formato piloto, busca conectar profissionais da empresa com pessoas trans, que estejam em início de carreira, para compartilhar experiências. Além da mentoria, o objetivo é também ajudar a criar ou ampliar as redes de relacionamento das pessoas mentoras, e que elas possam participar do processo seletivo para vagas abertas na Uber no futuro.

Para Pri Bertucci, presidente do Instituto [SSEX BBOX], “é crucial o envolvimento de todas as pessoas que reconhecem a impossibilidade de dividir oito bilhões de seres humanos em apenas duas categorias de existência. A jornada das pessoas trans não se restringe somente a elas; é uma questão que envolve todos nós. Frequentemente, as pessoas trans necessitam apenas de um ambiente seguro e de oportunidades que lhes permitam prosperar e expressar sua verdadeira identidade.”

Com início em agosto, o programa tem 10 vagas e é estruturado em 6 sessões de 1 hora divididas em 3 temas: Autoconhecimento, Simulação de Entrevista e Como criar um bom perfil no LinkedIn. O objetivo é oferecer ferramentas para que as pessoas mentoradas consigam acessar o mercado de trabalho ou fazer uma mudança de carreira. Individualmente, a ideia é que as pessoas mentoradas consigam enxergar novas possibilidades de trabalho e caminhos possíveis para desenvolvê-las.

Além do conteúdo profissional, o Instituto [SSEX BBOX] também disponibilizará dicas de como lidar com as pressões do ambiente corporativo a partir da perspectiva das  pessoas trans. 

O compromisso da Uber com a diversidade

Internamente, a Uber mantém programas de Diversidade, Equidade e Inclusão que começam desde o processo de recrutamento, passando por análise de desempenho até a promoção. Para conduzir todas essas ações, a empresa conta com uma área global de Diversidade, Equidade e Inclusão, além de ter grupos de afinidade que possuem um papel importante de transformação do negócio. Os grupos têm autonomia para promover diferentes tipos de ações, como campanhas de conscientização, programa de mentoria, eventos e rodas de conversas com especialistas, e, para isso, contam com orçamento próprio e apoio da liderança regional.

É o grupo de pessoas LGBTQIAP+ (Pride@Uber), por exemplo, que está à frente das iniciativas da Uber para o mês de junho. Em parceria com outras áreas da empresa, o grupo lidera e apoia iniciativas internas e externas. Eu como um dos líderes de Pride, tenho afirmado que “durante o Mês do Orgulho – e no ano todo – acreditamos que todos têm o direito de se movimentar livremente, com tranquilidade e sem medo. Estamos dedicados a apoiar nossa comunidade a desfrutar de uma vida aberta e autêntica, amando quem e como quiser e se sentindo empoderada a viver sua verdade”.

Como resultado dessas ações, no último mês, a Uber foi eleita pelo segundo ano consecutivo na pesquisa HCR Equidade como uma das Melhores Empresas para população LGBTI+ trabalhar e foi reconhecida entre as empresas com práticas de diversidade e inclusão LGBTQIA+ mais avançadas do Brasil. Realizada pelo Instituto +Diversidade e pelo Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+, a pesquisa é uma importante ferramenta de análise para que as empresas avaliem suas práticas e planejem mais avanços.

COLUNISTA

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Klaus Anibal

[ELE/DELE]

Klaus Anibal é formado em Engenharia Ambiental pela Faculdade Oswaldo Cruz, com mais de 12 anos de experiência nas áreas de Diversidade, Qualidade, Treinamento e Conteúdo. Durante sua trajetória, suas especializações em Customer Journey, Green Belt e COPC ajudaram na implementação de projetos especiais que agregaram valor para o business e impulsionaram os resultados. Sua paixão por DE&P sempre esteve presente em sua carreira, construindo uma liderança inclusiva, sempre buscando criar oportunidades para grupos minoritários, heterogêneos e multi-culturais. Após liderar projetos com foco em Diversidade, Equidade e Inclusão, hoje é o primeiro representante da América Latina no board global das ERG’s da Uber.
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No Instituto [SSEX BBOX] realizamos projetos e advocacy que visam destacar a diversidade, inclusão e a equidade sobre os temas de gênero, sexualidade, população LGBTQIAP+, raça, etnia e pessoas com deficiência.

As ações do Instituto incluem apresentar ferramentas, conteúdos educacionais, e soluções estratégicas visando o exercício do olhar interseccional para grupos sub-representados. Nossas atividades tiveram início em 2009, a partir de uma série de webdocumentários educacionais que exploram temas da sexualidade e gênero para promover mudanças sociais com base nos direitos humanos.

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