COLUNA

Klaus Anibal

[ELE/DELE]

Eng. Ambiental com expertise em DE&PI, liderança inclusiva e representação global na Uber.

Dia Mundial da Alfabetização e a comunidade LGBTQIAP+

É comum quando falamos sobre a comunidade LGBTQIA+ as pessoas terem medo de cometerem erros e até mesmo de não saberem diferenciar o significado de cada letra da sigla que acabei de mencionar – você saberia? Com a evolução social, da nossa linguagem e de nossas existências é cada vez mais importante a busca de conhecimento em assuntos até então desconhecidos, considerados tabus ou não explorados. É necessário ir atrás, aprender e questionar para adquirir conhecimento.

No dia 08 de setembro, é comemorado o Dia Mundial da Alfabetização. A data foi criada pela ONU e Unesco, em 1967 e tem como principal objetivo promover debates e discussões sobre a importância da alfabetização. 

Pensando no contexto de uma data tão importante, não poderia deixar de relacionar um tema tão fundamental e crítico nos dias atuais com a importância do conhecimento e educação sobre diversidade, equidade e inclusão para construção de uma sociedade mais respeitosa e equitativa. Se existisse um índice de letramento neste tema, será que ocuparemos qual posição?

  • Por onde começar?

No contexto do acrônimo DEI&P, que se refere a Diversidade, Equidade, Inclusão e Pertencimento, muitas pessoas ao entrarem em contato com esses termos ficam confusas sobre o significado e diferença de cada letra que constroem o acrônimo DEI&P. Então vamos deixar nítido de uma maneira sucinta o que cada um significa e como se relacionam para termos um ponto de partida.

Diversidade: a diversidade denota a vasta gama de distinções presentes entre os indivíduos em uma sociedade e em outros cenários. Estas distinções podem abranger aspectos como religião, etnia, faixa etária, nacionalidades, bem como visões, valores e ideologias singulares.

Equidade: significa dar às pessoas o que elas precisam e necessitam para que todos tenham acesso às mesmas oportunidades considerando as circunstâncias de cada um. É importante definir o conceito de equidade e igualdade. Enquanto a igualdade promove as mesmas oportunidades para todas as pessoas independentes de suas necessidades, a equidade visa o ajuste do desequilíbrio entre elas, considerando suas particularidades.

Inclusão: “I” no acrônimo DEI&P, que simboliza a Inclusão, refere-se a um conceito que transcende a mera aceitação superficial. Envolve a criação de um ambiente onde todas as pessoas se sintam verdadeiramente envolvidas, valorizadas e conectadas. A inclusão é o alicerce que fortalece os laços interpessoais, permitindo que as pessoas compartilhem suas identidades autênticas e sejam reconhecidas por suas contribuições únicas. Quando a inclusão é efetivamente cultivada, ela promove um senso profundo de pertencimento.

Pertencimento: O “Pertencimento” é um elemento essencial que muitas vezes é subestimado. O pertencimento envolve criar um ambiente onde todas as pessoas se sintam não apenas incluídas, mas também valorizadas e autênticas em suas identidades. É o componente que completa a equação, garantindo que a diversidade, equidade e a inclusão não sejam apenas superficialmente alcançadas, mas que as pessoas realmente se sintam como parte integral da organização ou comunidade. Quando o pertencimento é cultivado, as pessoas não apenas se sentem bem-vindas, mas também têm confiança de que suas vozes são ouvidas e respeitadas, contribuindo assim para um ambiente verdadeiramente diversificado, equitativo e inclusivo.

Mas afinal, ao que buscamos pertencer?

  • A hipótese do pertencimento

A hipótese do pertencimento, proposta pelos psicólogos Roy F. Baumeister e Mark R. Leary, em 1995, sugere que o desejo por ter relações interpessoais é uma motivação fundamentalmente humana. Segundo os pesquisadores, os humanos têm necessidade de ter e manter um relacionamento duradouro, estável e significativo com um grupo de pessoas. Essas relações são importantes porque moldam o comportamento, pensamento e as emoções de uma pessoa.

  • A cisheteronormatividade social

Com certeza, você já ouviu aquele famoso conceito “meninos vestem azul e brincam de carrinho e meninas usam rosa e brincam de boneca?” – isto nada mais é do que um reflexo da heteronormatividade, que se define por ser uma imposição social para que o indivíduo seja ou se comporte de acordo com os papéis de cada gênero. No Brasil, entre as pessoas de 18 anos ou mais, 94,8% se declararam heterossexuais com base na pesquisa divulgada pelo IBGE e Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) – Quesito Orientação Sexual, realizada em 2019.

Historicamente, tivemos vários grupos excluídos e marginalizados pela sociedade por se distanciar do conceito cisheteronormativo ao construírem e viverem identidades e expressões diferentes do “normal”.

A população LGBTQIAP+ tida como muitos anos por “anormal” e até mesmo chegando a ser considerada doença, representa ao menos 2,9 milhões de brasileiros, o que representa 1,8% da população adulta que se auto declara homossexuais ou bissexuais de acordo com a mesma pesquisa.

DEI&P são pilares na promoção da dignidade humana, refletido na Declaração Universal dos Direitos Humanos além de ser parte da Agenda 2030 como conceito central nos objetivos e metas estabelecidas pelas ONU. Apesar disso , o Brasil, pelo quarto ano consecutivo, é o país que mais mata pessoas LGBTQIAP+ concretizando a idéia de que nossa sociedade ainda não é alfabetizada o suficiente para valorizar e aceitar as diferenças, tendo como outros indicadores a falta de acesso e oportunidades ao mercado de trabalho e a expectativa de vida de pessoas trans. 

  • O papel da educação

Apesar dos índices alarmantes e tristes, não podemos e nem iremos deixar de lutar por nossos direitos e por uma sociedade mais inclusiva e equitativa, tendo como base o ponto que iniciamos este texto: a educação (ou letramento, ou alfabetização) – a educação é um dos principais instrumentos para formação de cidadãos mais conscientes que incluam ao invés de excluir e aceitem e respeitem o “diferente” – a educação não muda apenas a realidade de um indivíduo, mas também de sua família, de seu círculo social e assim por diante.

Uma sociedade diversa e equânime promove e sustenta um sentimento de pertencimento; valoriza a diversidade e prática o respeito, o que infelizmente ainda falta nos dias de hoje. 

A diversidade promove uma educação mais inclusiva e uma sociedade mais unida, sendo papel das escolas, educadories e de todes nós,  formar  pessoas preparadas para lidar com as mais diferentes situações no convívio em sociedade, fazendo com que o preconceito em suas diversas formas perca cada vez mais força.

Seja no Dia do Orgulho, no mês de Junho ou no dia da Alfabetização, ficamos com a reflexão de que estes pontos estão conectados e só seremos capazes de evoluir garantindo princípios básicos como o acesso à educação. 

O curso “TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE LGBTQIAP+”, certificado pelo Pacto Global da ONU e criado pela [DIVERSITY BBOX] consultoria, exemplifica a importância da educação como uma ferramenta de transformação social.  Reconhecendo que a educação desempenha um papel fundamental na construção de um futuro mais promissor, onde os direitos da comunidade LGBTQIAP+ são garantidos, o acesso ao mercado de trabalho é assegurado, e políticas públicas eficazes são promovidas, este curso surge como uma solução concreta para capacitar indivíduos e instituições a compreender os 4 pilares e apoiar a diversidade. Com o conhecimento que eu adquiri neste curso, meu letramento se aprofundou de forma exponencial, e espero que possamos caminhar em direção a um futuro em que a representatividade seja amplamente promovida, permitindo que todes vivam de forma equitativa e sem o peso do medo e da discriminação.

COLUNISTA

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Klaus Anibal

[ELE/DELE]

Klaus Anibal é formado em Engenharia Ambiental pela Faculdade Oswaldo Cruz, com mais de 12 anos de experiência nas áreas de Diversidade, Qualidade, Treinamento e Conteúdo. Durante sua trajetória, suas especializações em Customer Journey, Green Belt e COPC ajudaram na implementação de projetos especiais que agregaram valor para o business e impulsionaram os resultados. Sua paixão por DE&P sempre esteve presente em sua carreira, construindo uma liderança inclusiva, sempre buscando criar oportunidades para grupos minoritários, heterogêneos e multi-culturais. Após liderar projetos com foco em Diversidade, Equidade e Inclusão, hoje é o primeiro representante da América Latina no board global das ERG’s da Uber.
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No Instituto [SSEX BBOX] realizamos projetos e advocacy que visam destacar a diversidade, inclusão e a equidade sobre os temas de gênero, sexualidade, população LGBTQIAP+, raça, etnia e pessoas com deficiência.

As ações do Instituto incluem apresentar ferramentas, conteúdos educacionais, e soluções estratégicas visando o exercício do olhar interseccional para grupos sub-representados. Nossas atividades tiveram início em 2011, a partir de uma série de webdocumentários educacionais que exploram temas da sexualidade e gênero para promover mudanças sociais com base nos direitos humanos.

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