COLUNA

Pri Bertucci

[ILE/DILE & ELE/DELE]

Artista social, educadore e pesquisadore da área de diversidade há pelo menos duas décadas

Bandeiras – símbolos visuais representativos de um povo

À medida que evoluímos como civilização, e a compreensão da sociedade sobre diversas identidades de gênero e orientações afetivo-sexuais e suas nomenclaturas também evoluiu, o acrônimo passou de GLS a LGBT, e depois para LGBTQIA+, até finalmente chegar a LGBTQIAP+.

“GLS” era o termo usado na década de 1990 para representar gays, lésbicas e simpatizantes. Era a sigla que definia os espaços para a comunidade gay, mas não era muito inclusiva. Em 1998, a Associação Brasileira ABGLT atualizou a nomenclatura para LGBT. Em 2012, o Instituto [SSEX BBOX] atualizou a sigla no Brasil para LGBTQIA+, introduzindo, pela primeira vez no Brasil, o debate público sobre a inclusão das letras QIA+, para tornar a sigla mais inclusiva e representar lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, transexuais e travestis, queer/não bináries, pessoas que questionam o gênero, intersexuais, assexuais, e o “+” para outras subcategorias, identidades e orientações que não estão na sigla. A inclusão do “P” aconteceu em 2018, para representar a pansexualidade e as polissexualidades, e também foi proposta pelo Instituto [SSEX BBOX] nas conferências internacionais.

A evolução das identidades e orientações afetivo-sexuais existe e precisa ser reconhecida e respeitada. A percepção de muitas pessoas sobre o assunto infelizmente ainda é enviesada. Muitas vezes, insistem em falar da “sopa de letrinhas”, ou fazer alguma piada de mau gosto em relação ao uso da sigla LGBTQIAP+. Quem já não ouviu alguém dizer “É muito mimimi”?

Sabe quando a piada perde a graça e vira ofensa? 

Essas e outras frases depreciativas são ainda muito notadas no Brasil. E o pior de tudo é quando são proferidas pelas próprias pessoas que se identificam dentro do acrônimo LGBTQIAP+, o que mostra a falta de conhecimentos básicos sobre o movimento. 

Vale dizer que não é qualquer letra que pode ser incluída na sigla. É importante haver maior entendimento e questionamento sobre por que deveríamos adotar como movimento global essa ou aquela sigla. Nos dias de hoje, a sigla oficialmente reconhecida na comunidade internacional e mais usada até agora no mundo todo é a LGBTQIA+. Por descrever a nossa diversidade, também se tornou mais inclusiva. 

Diversidade e questões inerentes ao universo LGBTQIAP+ compõem um setor crescente da sociedade, com um número cada vez maior de novas definições, subdefinições e bandeiras com representatividade para cada segmento, incluindo lésbicas, assexuais, polissexuais, poliamores, intersexos, não binários, gênero queer, etc.

A maioria das pessoas tem familiaridade com a bandeira do arco-íris, que funciona como um símbolo de guarda-chuva para todo o movimento LGBT+. Mas há bandeiras de orgulho não só para gays e lésbicas, mas para inúmeras orientações, identidades e outras subculturas. Existem também as novas bandeiras, e você vai acompanhar aqui um guia completo sobre as mais utilizadas pelo movimento LGBTQIAP+

NOVA BANDEIRA DO ORGULHO LGBTQIAP+ 

(INTERSEX REBOOT)

A bandeira do Orgulho está passando por outra transformação – desta vez para incluir pessoas intersexo. A bandeira LGBTQIAP+ POC (people of color) para pessoas pretas e não brancas foi proposta em 2018, por Daniel Quasar, e foi amplamente usada por grandes instituições e marcas, que se posicionam como apoiadoras da causa. Em 2021, veio uma nova atualização, com inserção da elemento intersexo. O Círculo Intersex foi proposto pelo colunista intersexo e personalidade da mídia Valentino Vecchietti. A bandeira foi oficialmente revelada pelo grupo de defesa Intersex Equality Rights no Reino Unido, no final de maio de 2021, mas, desde então, se espalhou de forma viral nas redes sociais.

Na versão de Vecchietti, um círculo roxo sobreposto a um triângulo amarelo foi adicionado à divisa na metade esquerda do design de Quasar – uma homenagem à popular bandeira intersexual de 2013, desenhada pelo bioetecista e pesquisador australiano Morgan Carpenter.

Nós, da [DIVERSITY BBOX] @diversitybbox e INSTITUTO [SSEX BBOX] @ssexbbox, esperamos ver um movimento LGBTQIAP+ mais unificado sob uma única bandeira, e que isso possa trazer a lucidez para encontrarmos um mínimo denominador comum entre todas as letras da sigla. No entanto, isso não significa apagar nenhuma das outras bandeiras já existentes!

CORES E SIGNIFICADOS

  • Azul: cor tradicionalmente usada pela sociedade para representar os homens;
  • Branco: para representar pessoas não binárias;
  • Rosa: cor tradicionalmente usada pela sociedade para representar as mulheres;
  • Marrom: Pessoas não brancas;
  • Preto: Pessoas pretas;
  • Vermelho: Representa a vida;
  • Laranja: Revigoração e cura;
  • Amarelo: Luz solar;
  • Verde: Natureza;
  • Índigo: Serenidade;
  • Violeta: Espírito;
    >>> INTERSEX
  • Amarelo: representa neutralidade de gênero, em vez de associar masculinidade com azul e feminilidade com rosa;
  • Círculo roxo:  simboliza a totalidade.

BANDEIRA DO ORGULHO LGBTQIAP+ 

(PRIDE FLAG REBOOT)

Essa bandeira é a que devemos usar quando falarmos de Orgulho LGBTQIAP+, porque ela representa todos os aspectos dessa comunidade. Ela dá ênfase para os grupos que mais precisam da nossa atenção e de apoio nos dias de hoje. O significado por trás do design da bandeira é um encapsulamento perfeito da localização da comunidade LGBTQIAP+.

Criada em 2018, pelo designer Daniel Quasar, pessoa não binária de Portland, nos Estados Unidos, foi confeccionada através de um financiamento coletivo. Seu atributo mais recente é a seta apontando para a direita, que representa o progresso. As 5 cores (branco, rosa, azul-claro, marrom e preto) representam as pessoas trans, negras e não brancas do movimento.

Quando Quasar reinventou a bandeira do Orgulho, ele pretendia dar mais ênfase à representação negra e trans no design da bandeira, para elevar seu significado. A ideia é lembrar que não podemos mais recusar a mudança! Hoje, a promoção contínua dessas existências marginalizadas se opõe à hegemonia de um pequeno número de pessoas na comunidade LGBT, tidas até então como “dignas de orgulho” – homens cis, homossexuais e brancos. Somos uma comunidade que está fazendo grandes progressos. E, no entanto, temos muito mais a fazer. Não apenas na representação trans e de pessoas não brancas, mas para pessoas bissexuais, queer, não binárias, intersexo, assexuais e pansexuais.

CORES E SIGNIFICADOS

  • Azul: cor tradicionalmente usada pela sociedade para representar os homens;
  • Branco: para representar pessoas não binárias;
  • Rosa: cor tradicionalmente usada pela sociedade para representar as mulheres;
  • Marrom: Pessoas não brancas;
  • Preto: Pessoas pretas;
  • Vermelho: Representa a vida;
  • Laranja: Revigoração e cura;
  • Amarelo: Luz solar;
  • Verde: Natureza;
  • Índigo: Serenidade;
  • Violeta: Espírito.

BANDEIRA LGBTQIAP+ RACIAL

Foi utilizada pela primeira vez na Filadélfia, em 2017, quando foi criada por Michael Page e lançada com a ideia de representar membros negros e não brancos da comunidade LGBTQIAP+ da cidade. O uso da bandeira divide opiniões: há quem considere desnecessária a inclusão da questão racial, e há quem defenda a sua importância, como um recorte da comunidade LGBTQIAP+, já que ainda há pouca representação racial. Assim como diversas comunidades que já usam a nova bandeira LGBTQIAP+, nós, do [SSEX BBOX], acreditamos que nossas pautas e vivências evoluíram muito nos últimos 40 anos. É necessário trazer essa interseccionalidade e as questões raciais para a nossa bandeira.

CORES E SIGNIFICADOS

  • preto: representa as pessoas negras;
  • marrom: representa as pessoas não brancas;
  • vermelho: representa a vida;
  • laranja: representa revigoração e cura;
  • amarelo: representa a luz solar;
  • verde: representa a natureza;
  • turquesa: representa a magia e a arte;
  • índigo: representa a serenidade;
  • violeta: representa o espírito.

BANDEIRA ARCO-ÍRIS

“LGBT” é o acrônimo utilizado originalmente para se referir às pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e travestis. Posteriormente, a sigla passou por alterações para incluir outras orientações afetivo-sexuais, identidades e expressões de gênero.
A bandeira do arco-íris tem sido usada como o único símbolo do Orgulho LGBT+ e marco dos movimentos sociais LGBTs, embora hoje existam muitas outras bandeiras para reivindicar e nomear outras existências invisibilizadas inicialmente.
Essa banderia arco-Íris está em uso desde 1970, ano em que o movimento homossexual florescia em São Francisco, na Califórnia, Estados Unidos. Os militantes da época queriam para a comunidade um símbolo que fosse entusiasta. Assim, o artista Gilbert Baker providenciou um novo modelo, baseado nos hippies. Baker era amigo de Harvey Milk, primeiro político gay eleito nos Estados Unidos. Seu uso generalizado começou oficialmente nos anos 1980.

À sua versão mais atual, além das seis barras horizontais, foi adicionada uma seta com 5 cores, para incluir pessoas trans, pessoas pretas e não brancas, e identidades e corpos sub-representados na sigla LGBT+.

CORES E SIGNIFICADOS

  • Vermelho: representa a vida;
  • Laranja: representa revigoração e cura;
  • Amarelo: representa a luz solar;
  • Verde: representa a natureza;
  • Turquesa: representa a magia e a arte;
  • Índigo: representa a serenidade;
  • Violeta: representa o espírito.

BANDEIRA ALIADES

A bandeira de ALIADES foi criada em 1973, pela organização Pais, Famílias e Amigos de Lésbicas e Gays (PFLAG, na sigla em inglês), fundada por Jeanne Manford, mãe do movimento “Straight Ally”. Aliados/aliadas/aliades heterossexuais e/ou cisgêneros são apoiadores da igualdade de gênero e dos direitos civis, auxiliam movimentos sociais LGBTQIAP+ e desafiam a homofobia, a bifobia e a transfobia.

São pessoas que não fazem parte da comunidade LGBTQIAP+, mas advogam, defendem, fornecem assistência e apoio, em um esforço em prol dos direitos LGBTQIAP+. Por exemplo, alguns filhos e filhas de casais LGBTQIAP+ são aliados héteros e cis. 

A sigla estendida inclui a letra “A”, que era usada até pouco tempo para representar as pessoas assexuais e pessoas aliadas. Hoje, uma discussão pertinente na comunidade internacional acontece para que a letra “A” não mais represente pessoas aliadas, porque ser uma pessoa aliada é uma ação, e não uma orientação afetivo-sexual ou identidade. Além disso, pessoas aliadas não são oprimidas da mesma maneira que as que estão dentro das demais letrinhas da sigla. Aliades entendem que as pessoas LGBTQIAP+ enfrentam discriminação e são social e economicamente desfavorecides. Dessa forma, usam a sua posição enquanto indivíduos heterossexuais e/ou cisgêneros em uma sociedade focada na cisheteronormatividade para ajudar a combater a LGBTQIAP+fobia.

BANDEIRA LÉSBICA

A bandeira com sete diferentes tons de rosa, branco e vermelho é usada como bandeira oficial das lésbicas em quase todo o mundo.

CORES E SIGNIFICADOS

  • Roxo: Feminilidade; 
  • Roxo-claro: Amor; 
  • Lilás: Paz e serenidade; 
  • Branco: Mulheres trans lésbicas;
  • Rosa: Comunidade; 
  • Salmão: Independência; 
  • Magenta: Sapatão/ Butch/ Gênero não conforme. 

Existe também uma versão que apresenta uma marca de batom no canto esquerdo, para celebrar a subcultura de “lipstick lesbian”.

BANDEIRA TRANS

A bandeira do Orgulho Transgênero foi criada em 1999 por Monica Helms, uma mulher trans estadunidense. Foi exibida pela primeira vez em uma parada de orgulho em Phoenix, Arizona, Estados Unidos, em 2000. A bandeira representa a comunidade TRANSGÊNERO e consiste em cinco faixas horizontais: duas azul-claras, duas rosas e uma branca no centro.

CORES E SIGNIFICADOS

  • Azul: cor tradicionalmente usada pela sociedade para representar os homens;
  • Rosa: cor tradicionalmente usada pela sociedade para representar as mulheres;
  • Branco: para representar pessoas não binárias.

BANDEIRA GÊNERO NÃO BINÁRIO

Pessoas não binárias têm sua própria bandeira do orgulho. Ela foi criada em 2014, por Kye Rowan, e possui quatro faixas horizontais de igual tamanho.  

Não binário: Identidade de gênero derivada do guarda-chuva transgênero. A não binariedade é uma identidade Trans, e é usada para descrever pessoas que não se identificam como homem ou mulher, tampouco são inteiramente masculinas ou femininas em sua expressão. Essa identidade pode estar entre os gêneros, pode ser uma combinação ou estar além deles. Os não binários têm, em sua maioria, uma aparência ou expressão de gênero considerada andrógina, mas isso não é uma regra. Essa identidade é geralmente uma reação à construção social, aos estereótipos e ao sistema binário de gênero. Pessoas não binárias não são “novidade” e não estão “confusas” sobre sua identidade de gênero. Também não seguem uma nova moda, já que identidades não binárias são reconhecidas há milênios por culturas e sociedades em todo o mundo, inclusive em culturas não ocidentais, como no caso dos nativos americanos chamades* de Two-spirit. No entanto, em culturas que seguem o gênero binário, as pessoas não binárias são frequente e sistematicamente excluídas e violentadas. Algumas pessoas não binárias podem se identificar como: gênero queer, gênero fluido, agênero, neutrois, gênero neutro, bigênero, pangênero, multigênero, genderless ou intergênero, entre outros. Pessoas intersexo que se identificam como não binárias ou gênero não conforme são reconhecidas como amálgamas. Todas as identidades não binárias estão sob o guarda-chuva dos transgêneros. Pessoas não binárias não podem ter uma monossexualidade, ou seja, ser heterossexuais ou homossexuais, mas podem ter uma orientação afetivo-sexual dentro do espectro assexual, bissexual e pansexual.

CORES E SIGNIFICADOS

  •     Amarelo: está fora do conceito binário de gênero;
  •     Branco: pessoas que são de muitos gêneros;
  •     Roxo: fluidez e multiplicidade das experiências de gênero. A unicidade e a flexibilidade de pessoas não binárias;
  •     Preto: ser agênero ou sem gênero.

Conheça o: GUIA PARA PROMOVER A LINGUAGEM INCLUSIVA EM PORTUGUÊS

BANDEIRA GÊNERO QUEER

A bandeira genderqueer (ou gênero queer, em português) foi criada em 2011 por Marilyn Roxie (Marilyn foi a primeira estagiária do [SSEX BBOX] de São Francisco, em 2010). Segundo o Centro de Pesquisa em Equidade de Gênero da Universidade da Califórnia, queer refere-se à “pessoa cuja identidade de gênero não é nem homem nem mulher, mas está entre, além ou é uma combinação de gêneros”.

Conheça o : GUIA PARA PROMOVER A LINGUAGEM INCLUSIVA EM PORTUGUÊS

CORES E SIGNIFICADOS

  • Lavanda: Representa a androginia; 
  • Branco: Representa as identidades agêneras; 
  • Verde: Representa as identidades não binárias.  

BANDEIRA GÊNERO FLUIDO

Pessoas não binárias têm sua própria bandeira do orgulho, que foi criada em 2014. No entanto, muitas bandeiras foram usadas na comunidade não binária para representar diversas identidades. Para abranger as flutuações e a flexibilidade de gênero de pessoas com fluidez de gênero, a bandeira apresenta cores associadas ao significado de ser homem ou mulher, e a tudo o que existe entre elas. Pessoas de gênero fluido ou genderfluid são consideradas um subgrupo de pessoas não binárias, distinto o suficiente para ter uma bandeira própria. 

CORES E SIGNIFICADOS

  •    Rosa: representa mulher;
  •    Branco: representa a falta de gênero;
  •    Roxo: representa uma combinação das expressões da masculinidade e feminilidade;
  •    Preto: representa todas as outras identidades de gênero distintas de homem ou mulher;  
  •    Azul: representa o homem.

Conheça o : GUIA PARA PROMOVER A LINGUAGEM INCLUSIVA EM PORTUGUÊS

BANDEIRA AGÊNERO 

A neutralidade de gênero é um movimento que busca acabar completamente com a discriminação de gênero na sociedade. Fazem isso adotando uma linguagem neutra e o fim da segregação por gênero. As pessoas agênero têm sua própria bandeira.

Agênero: Pessoa que não se identifica ou não se sente pertencente a nenhum gênero. É uma identidade de gênero que está sob o guarda-chuva não binário ou gênero não conforme, e é uma identidade transgênero. 

Conheça o : GUIA PARA PROMOVER A LINGUAGEM INCLUSIVA EM PORTUGUÊS

CORES E SIGNIFICADOS

  • Preto e branco: Representa a ausência de gênero;
  • Verde: Representa gêneros não binários.

BANDEIRA INTERSEXO

A bandeira intersexo foi criada em julho de 2013, pela Intersex Human Rights Austrália (então conhecida como Organização Intersexo International Austrália), como uma bandeira “que não é derivada, mas está firmemente fundamentada no significado”.
As pessoas intersexo ainda lutam por autonomia corporal e integridade genital, e isso simboliza o direito de ser quem são e como querem ser. A organização a descreve como disponível gratuitamente “para uso por qualquer pessoa intersexual ou organização que deseje usá-la em um contexto de comunidade de afirmação de direitos humanos”. Lembre-se: é pejorativo e pode ser bastante ofensivo chamar pessoas intersexo de “hermafroditas”.

CORES E SIGNIFICADOS

  • Amarelo: representa neutralidade de gênero, em vez de associar masculinidade com azul e feminilidade com rosa;
  • Círculo roxo:  simboliza a totalidade.

BANDEIRA PANSEXUAL

A bandeira do Orgulho Pansexual é encontrada em vários sites desde meados de 2010. É usada para aumentar a visibilidade e o reconhecimento da comunidade pansexual e para distingui-la da bissexualidade. Indica que os pansexuais têm atração afetivo-sexual e relacionamentos com pessoas de diferentes gêneros e sexualidades.
Em muitos países, o termo “queer” também é usado como orientação afetivo-sexual para representar pessoas que gostam de outras, independentemente do gênero e orientação afetivo-sexual. A pansexualidade pode ainda ser chamada de onissexualidade ou omnissexualidade. O prefixo “pan” refere-se apenas aos gêneros, e não às práticas sexuais. Portanto, a pansexualidade não implica aceitação de todos os comportamentos sexuais (como as parafilias, por exemplo), mas refere-se ao papel do gênero na atração afetivo-sexual.

CORES E SIGNIFICADOS

  • Rosa: representa aqueles que se identificam no espectro feminino (independentemente do corpo/genital);
  • Amarelo: representa atração não-binária, agender, fluidos e pessoas de expressão de gênero andrógina;
  • Azul: representa aqueles que se identificam no espectro masculino (independentemente do corpo/genital).

BANDEIRA BISSEXUAL

A bandeira do Orgulho Bissexual foi desenhada por Michael Page em 1998, para dar à comunidade o seu próprio símbolo, comparável com a bandeira do arco-íris. O seu objetivo era aumentar a visibilidade das pessoas bissexuais, tanto entre a sociedade, no conjunto, como dentro da própria comunidade LGBTQIAP+.

Bissexualidade – é um termo guarda-chuva para definir a orientação afetivo-sexual em que se sente atração tanto por pessoas do mesmo gênero quanto do gênero oposto.

CORES E SIGNIFICADOS

  • Rosa:  representa a atração afetivo-sexual ao mesmo gênero (gay e lésbico); 
  • Azul:  representa a atração afetivo-sexual ao gênero oposto (indivíduo heterossexual); 
  • Roxa: as faixas azul e rosa sobrepostas no centro formam uma sombra profunda, que representa a atração afetivo-sexual a ambos os gêneros (bissexuais).

BANDEIRA POLISSEXUAL

As orientações afetivo-sexuais classificadas como polissexuais se diferem das monossexuais. As monossexualidades mais conhecidas são heterossexualidade e homossexualidade (gays e lésbicas). Polissexuais preferem esse termo ao termo “bissexual”, que sugere atração por apenas dois gêneros. Polissexuais incluem a possibilidade de atração por três ou mais gêneros.

CORES E SIGNIFICADOS

  • Rosa: representa aquelas pessoas que se identificam como mulher  (independentemente do corpo/genital);
  • Verde: representa atração por vários gêneros, como: não binário, agender, fluidos e pessoas de expressão de gênero andrógina;
  • Azul: representa aqueles que se identificam no espectro masculino (independentemente do corpo/genital).

BANDEIRA ASSEXUAL

Criada por um usuário do Assexual Visibility and Education Network (AVEN) chamado standup, em 2010, como parte de um concurso. Essa é a bandeira que se consolidou como a mais abrangente e popular para representar a diversidade de orientações presentes na assexualidade.
Sua história se relaciona com a visibilidade das pessoas que foram estigmatizadas, depreciadas e patologizadas por não vivenciarem as relações de intimidade humana. Como a sociedade foi condicionada a acreditar que só existe um tipo de libido (no caso, a sexual) para os potenciais de obtenção de prazer e orgasmo, perde-se, com isso, uma gama muito vasta de conhecimentos acerca de outras formas de explorar outras capacidades possíveis e integradas para obtenção desse prazer.
A assexualidade vem contribuir de forma profunda com o fato de que o potencial da libido não é restrito exclusivamente aos estímulos sexuais, nem mesmo para se afirmar qualquer relacionamento íntimo. O sexo não é um referencial sempre prioritário. Na sociedade, as relações sexuais tornaram-se mais um instrumento normativo para abuso de poder nas relações humanas, de forma sutil e condicionada.
A assexualidade pode empoderar os conhecimentos e o compartilhamento de vivências muito positivas e saudáveis, relacionadas às diversidades sexuais mais conhecidas fora do padrão heteronormativo. Essa orientação tem sido a principal responsável em ampliar o conjunto de conceitos identitários, não os limitando apenas a gêneros e sexualidades. Assim se acrescentam outros conceitos fundamentais para evidenciar as múltiplas formas de correlações entre pessoas assexuais e não assexuais.

CORES E SIGNIFICADOS

  • Preto: Representa a assexualidade;
  • Branco: Representa parceiros e aliades alossexuais (não assexuais);
  • Roxo: Representa o conceito de comunidade.

BANDEIRA DEMISSEXUAL

A bandeira demissexual tem um triângulo preto saindo do lado esquerdo, uma linha branca espessa na parte superior, uma linha grossa cinza na parte inferior e uma fina faixa roxa no meio.
Uma sexualidade que muitas vezes é negligenciada ou mal-entendida é a demissexualidade. As pessoas demissexuais não sentem atração sexual sem uma conexão emocional profunda. Não, eles não são apenas seletivos sobre com quem escolhem fazer sexo: os demissexuais não têm, literalmente, atração sexual por ninguém, nem escolha, até formarem um vínculo emocional.
Na verdade, a bandeira do Orgulho Demissexual foi projetada usando as cores da bandeira assexual, mas organizando-as para se distinguirem.

CORES E SIGNIFICADOS

  • Preto: Representa a assexualidade;
  • Branco: O branco difere do da bandeira assexual, pois aqui representa a sexualidade, enquanto naquela simboliza “parceiros não assexuais e aliados”; 
  • Roxo: Representa o conceito de comunidade;
  • Cinza: Representa “Gray-Ace” e a demissexualidade em ambas as bandeiras também.

BANDEIRA DE ARROMANTICIDADE

Essa bandeira de arromanticidade é mais conhecida e validada para o conceito de afetividade,  e pode ser intrínseca para as orientações assexuais e alossexuais.

Arromanticidade:  A arromanticidade trata-se apenas de uma característica ou qualidade afetiva que não é condicionada ao romantismo/romanticidade. Isso significa que essa característica não torna a arromanticidade “fria” ou “indiferente”, mas tão somente não permeada das condicionantes das  romanticidades. A arromanticidade, na assexualidade, nada tem a ver com celibato. Ainda assim, a arromanticidade não interfere na aderência de vínculos ou intimidade com outros agregados afetivos comuns a qualquer traço de amor e carinho  humano.

Uma pessoa de afeto arromântico, seja assexual ou alossexual, pode ter até uma facilidade para ser mais compassiva e incondicional no amor do que qualquer outra condição afetiva romântica, geralmente mais seletiva e apegada. Uma pessoa assexual arromântica vive naturalmente e sem qualquer desconforto diante da ausência da necessidade do ato sexual.

A libido dessas pessoas não é sexual, mas de outros tipos mentais (outra malha de conexões neuronais), que acionam os mecanismos do funcionamento orgásmicos, por meio do conjunto de outros estímulos supranormais, de outras ordens. Lembre-se de que não existe só libido sexual. Todas as libidos são efeitos de estímulos estruturados na programação mental.

CORES E SIGNIFICADOS

  • Verde: cor oposta ao rosa/vermelho (cores associadas ao romance);
  • Verde-claro: espectro arromântico (arospec);
  • Branco: a existência das relações platônicas e sua importância;
  • Cinza e preto: arromantiques assexuais e alossexuais (não assexuais).

BANDEIRA POLIAMOR

A bandeira do Orgulho Poliamor (Polyamory), desenhada por Jim Evans em 1995, tem faixas de azul, vermelho e preto.

O poliamor tornou-se um termo genérico para várias formas de relacionamento não monogâmico, de múltiplas parcerias sexuais ou românticas não exclusivas. Seu uso reflete as escolhas e filosofias das pessoas envolvidas, mas com temas ou valores recorrentes, como amor, intimidade, honestidade, integridade, igualdade, comunicação e comprometimento.

Poliamor (do grego πολύ, poly, “muitos, vários”, e do latim amor, “amor”) é a prática ou o desejo de relacionamentos com mais de uma pessoa, com o consentimento de todes parceires envolvidos. Tem sido descrito como “não monogâmico consensual, ético e responsável”. Pessoas que se identificam como poliamorosas acreditam em um relacionamento aberto com uma administração consciente do ciúme; eles rejeitam a visão de que a exclusividade sexual e relacional é necessária para relacionamentos amorosos profundos, comprometidos e de longo prazo.


CORES E SIGNIFICADOS

  • Azul:  representa a abertura e honestidade entre todos as pessoas parceiras, com os quais as pessoas que são poliamorosas conduzem seus múltiplos relacionamentos;
  • Vermelho:  representa amor e paixão;
  • Preto:  representa solidariedade com aquelas pessoas que, embora sejam abertas e honestas com todes os participantes de seus relacionamentos, devem esconder esses relacionamentos do mundo exterior, devido a pressões sociais.

Assista:  Palestra com especialista Tristan Taormino 

BANDEIRA URSO

A bandeira internacional da irmandade do urso foi projetada em 1995, por Craig Byrnes.

“Bear” é uma gíria gay afetuosa para aqueles que vivem nas comunidades de ursos, uma subcultura na comunidade gay e um subconjunto emergente da comunidade LGBT+, com seus próprios eventos, códigos e identidade específica. Ursos tendem a manter os pelos corporais e faciais. Alguns são pesados. Alguns projetam uma imagem da masculinidade da classe trabalhadora em sua aparência, embora nenhum desses códigos seja um requisito ou um indicador único. 

O conceito de urso pode funcionar como uma identidade, uma afiliação e um ideal para se viver. Há um debate em andamento nas comunidades de ursos sobre o que as constitui. Alguns afirmam que a auto-identificação como um urso é o único requisito, enquanto outros argumentam que os ursos devem ter certas características físicas, como um peito e rosto cabeludos, um corpo grande ou um certo modo de se vestir e se comportar.

Os ursos são quase sempre homens gays ou bissexuais. Homens transgêneros (independentemente de sua orientação afetivo-sexual) e aqueles que evitam rótulos de gênero e sexualidade estão cada vez mais incluídos. 

A comunidade se espalhou por todo o mundo, com clubes de ursos em muitos países. Os clubes de ursos, muitas vezes, servem como redes sociais e sexuais para homens gays e bissexuais mais velhos, que se encaixam nas descrições do que é ser um urso. Os membros frequentemente contribuem para suas comunidades gays locais por meio de captação de recursos e outras funções.

BANDEIRA LEATHER

(COURO)

A Leather Pride Flag é um símbolo usado pela subcultura de couro desde os anos 90. Ela foi projetada por Tony DeBlase em 1989, e foi rapidamente adotada pela comunidade gay Leather. Desde então, foi associada ao couro em geral e também a grupos relacionados.

A bandeira é composta por nove faixas horizontais de larguras iguais. De cima e de baixo, as listras alternam entre o preto e o azul royal. A faixa central é branca. No quadrante superior esquerdo da bandeira há um grande coração vermelho. O coração vermelho é para o amor.

Em junho de 1989, a bandeira foi usada pelo contingente de couro na famosa Parada do Orgulho LGBT+ de Portland, Oregon, nos Estados Unidos, e essa foi sua primeira aparição em uma parada do orgulho LGBT+.

Embora a bandeira seja muito comum na comunidade de couro gay, ela não é um símbolo exclusivamente gay e representa toda a comunidade de couro.

Além disso, enquanto projetada como um símbolo para a subcultura de couro, também é amplamente usada dentro da subcultura BDSM (escravidão e disciplina, dominância e submissão, sadomasoquismo).

CORES E SIGNIFICADOS

  • Preto: a cor dos seguidores de S/M;
  • Azul: para os seguidores do jeans fetiche;
  • Brancos: solidariedade com os novatos da cena S/M;
  • O Coração: S/M não tem nada a ver com violência crua; é praticado com respeito mútuo, consentimento e compreensão.

COLUNISTA

pri

Pri Bertucci

[ILE/DILE & ELE/DELE]

Artista social visionárie e pós-ativista, dedicou mais de duas décadas trabalhando na interseção da diversidade, empreendedorismo e arte. Pri atua como CEO da [DIVERSITY BBOX], consultoria especializada em educação e inovação, é fundadore do Instituto [SSEX BBOX], um projeto pioneiro sobre gênero e sexualidade que tem sido uma plataforma para justiça social em San Francisco, São Paulo, Berlim e Barcelona desde 2009. Pri também é reconhecide como um dos principais pioneiros do acrônimo LGBTQIA+ no Brasil desde 2013. Como palestrante, educadore e pesquisadore de renome internacional, Pri tem um compromisso profundo com o fomento do pertencimento e compreensão através das fronteiras culturais e pessoais. Identifica-se como pessoa não branca, trans não binário/genderqueer e desafia as normas sociais. Celebrado internacionalmente como o pioneiro e co-criador do “SISTEMA ILE”, o primeiro pronome de linguagem neutra em português, Pri facilitou ativamente a introdução do sufixo neutro ‘E’ em palavras da língua portuguesa. Pri Bertucci é ganhadore dos Prêmios TikTok 2022 e dos Prêmios da Fundação Brasil 2020. Ile também foi indicade para o Outie Awards “Global LGBTQ+ Advocate of the Year” durante o Out & Equal Summit 2022, o maior evento LGBTQIA+ do mundo. Como idealizadore e produtore executivo da Marcha do Orgulho Trans de São Paulo — primeira Trans Pride no Brasil — Pri Bertucci emprega suas habilidades criativas e artísticas para impulsionar mudanças sociais. Seu trabalho, integrando arte multimídia, uma abordagem somática e Comunicação Não Violenta (CNV), fomenta colaborações com pessoas e organizações nas comunidades, promovendo novas perspectivas e comportamentos enquanto desafia as normas sociais. Em 2023, fez uma contribuição significativa quando criou o primeiro tradutor de linguagem neutra e participando da criação da primeira inteligência artificial generativa não binária do mundo.
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No Instituto [SSEX BBOX] realizamos projetos e advocacy que visam destacar a diversidade, inclusão e a equidade sobre os temas de gênero, sexualidade, população LGBTQIAP+, raça, etnia e pessoas com deficiência.

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