Já podeis, da pátria filhos
Ver contente a mãe gentil…
Ó mãe! Bem que poderia ser mais generosa com esse trabalhador fastidioso que luta pela liberdade prisioneira desse nosso Brasil.
Eita! Que em minha meninice, como um soldado, ao sol, uniformizado, parado, mão no peito e a outra ao lado, de fronte e confronte a bandeira, cantava inocentemente o hino da independência brasileira. Mal sabia eu que era um prenúncio do meu grito de liberdade, que os raios ainda queimam meu desejo de emancipação.
Vai meu preto, meu indígena, meu branco, minha tribo, meu gueto, minha “brava gente brasileira”, vai, mas não vá muito longe, o temor subserviente das mãos mais poderosas ainda está aqui, forjando os alforjes dos montantes, mutantes, andando á cavalos, direcionando uma astuciosa maravilhosa vida de gado.
Ei menino! Não pense que é história para boi dormir, neste país das maravilhas a história da Alice virou crendice por aqui, nesta democracia que força-me votar naquele que é o menos pior, vou na esperança do verbo esperar e é quando desloco-me a cantar “ou ficar a pátria livre, ou morrer pelo Brasil”. O sonho dessa tal liberdade tens se escapado por causa dos calos em minhas mãos, é como diz a letra deste hino, “meu peito e meus braços são as muralhas desse Brasil”, nossos muros já enfraquecidos com a sonegação do caráter e corrupção do respeito, estão jogando areia no cimento da construção do alicerce da legalidade e, “longe vá, temor servil, ou ficar a pátria livre, ou morrer pelo Brasil”.
Hoje graças ao meu bom Deus eu tenho liberdade, parabéns! Hoje é o dia do meu funeral!