COLUNA

Pri Bertucci

[ILE/DILE & ELE/DELE]

Artista social, educadore e pesquisadore da área de diversidade há pelo menos duas décadas

Dia Internacional da Memória Trans (TDoR)

Uma Reflexão Sobre a Luta e a Memória

O Dia Internacional da Memória Trans, lembrado anualmente em 20 de novembro, é uma data dedicada à memória daquelas pessoas da comunidade trans e travesti que foram vítimas de uma realidade brutal e muitas vezes invisível. Este dia é um momento de reflexão e luto, mas também de conscientização e resistência. Ele simboliza não apenas a lembrança das pessoas que perderam suas vidas devido ao ódio e à intolerância, mas também destaca a urgência contínua de lutar por um mundo onde a dignidade e o respeito pela diversidade de gênero sejam inquestionáveis. A cada ano, o TDoR nos lembra das histórias não contadas, das vidas interrompidas prematuramente e da necessidade imperiosa de enfrentar a transfobia em todas as suas formas, buscando justiça e igualdade para todos, independentemente de sua identidade de gênero.

Trans Murder Monitoring
A Violência Contra Pessoas Trans 

O Trans Murder Monitoring (TMM), uma iniciativa colaborativa entre a Transgender Europe (TGEU) e a revista acadêmica Liminalis, representa um esforço vital para trazer à tona a realidade sombria enfrentada por pessoas trans e de gênero diverso em todo o mundo. Desde seu início em abril de 2009, o projeto tem se dedicado a coletar, monitorar e analisar sistematicamente os assassinatos dessa comunidade globalmente.

Método de Coleta de Dados:

O TMM reúne informações através de uma rede de ativistas locais e organizações parceiras, além de pesquisas na internet. Esses dados, embora representem apenas os casos notificados, lançam luz sobre a extensão e natureza da violência contra pessoas trans e de gênero diverso.

Dia Internacional da Memória Trans (TDoR):

Anualmente, no dia 20 de novembro, a TGEU atualiza e publica os dados coletados pelo TMM. Essa data, marcada como o TDoR apresenta dados entre 1º de outubro a 30 de setembro de cada ano, oferecendo uma visão crucial da violência enfrentada pela comunidade trans durante esse tempo.

Contribuições da Rede Trans Brasil:

Desde 2016, a Rede Trans Brasil tem sido uma colaboradora chave do projeto TMM. Sob a liderança da professora Sayonara Nogueira, secretária de comunicação da organização, a Rede Trans Brasil desenvolveu metodologias de monitoramento de violência, participando de capacitações internacionais com a TGEU e compartilhando informações cruciais sobre a situação no Brasil.

O relatório mais recente encerrado duas semanas antes do TDoR de 2023, identificou aproximadamente 100 assassinatos de pessoas trans de 1º de outubro de 2022 a 30 de setembro de 2023, um aumento em relação ao ano anterior. Estes números, embora alarmantes, são provavelmente uma subestimação da realidade, devido à subnotificação e à falta de reconhecimento oficial em muitos países.

A Realidade da Violência:

Além dos assassinatos, a comunidade trans enfrenta uma variedade de violências, incluindo extorsão, agressões físicas e sexuais. Este panorama reforça a urgência de políticas públicas eficazes e de uma mudança social profunda para proteger e respeitar as pessoas trans e de gênero diverso.

O trabalho do TMM e de organizações como a Rede Trans Brasil é fundamental para trazer visibilidade e conscientização sobre a violência contra pessoas trans. O TDOR nos lembra da necessidade contínua de lutar contra o preconceito, a discriminação e a violência de ódio, buscando um mundo mais justo e inclusivo para todes.

COLUNISTA

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Pri Bertucci

[ILE/DILE & ELE/DELE]

Artista social visionárie e pós-ativista, dedicou mais de duas décadas trabalhando na interseção da diversidade, empreendedorismo e arte. Pri atua como CEO da [DIVERSITY BBOX], consultoria especializada em educação e inovação, é fundadore do Instituto [SSEX BBOX], um projeto pioneiro sobre gênero e sexualidade que tem sido uma plataforma para justiça social em San Francisco, São Paulo, Berlim e Barcelona desde 2009. Pri também é reconhecide como um dos principais pioneiros do acrônimo LGBTQIA+ no Brasil desde 2013. Como palestrante, educadore e pesquisadore de renome internacional, Pri tem um compromisso profundo com o fomento do pertencimento e compreensão através das fronteiras culturais e pessoais. Identifica-se como pessoa não branca, trans não binário/genderqueer e desafia as normas sociais. Celebrado internacionalmente como o pioneiro e co-criador do “SISTEMA ILE”, o primeiro pronome de linguagem neutra em português, Pri facilitou ativamente a introdução do sufixo neutro ‘E’ em palavras da língua portuguesa. Pri Bertucci é ganhadore dos Prêmios TikTok 2022 e dos Prêmios da Fundação Brasil 2020. Ile também foi indicade para o Outie Awards “Global LGBTQ+ Advocate of the Year” durante o Out & Equal Summit 2022, o maior evento LGBTQIA+ do mundo. Como idealizadore e produtore executivo da Marcha do Orgulho Trans de São Paulo — primeira Trans Pride no Brasil — Pri Bertucci emprega suas habilidades criativas e artísticas para impulsionar mudanças sociais. Seu trabalho, integrando arte multimídia, uma abordagem somática e Comunicação Não Violenta (CNV), fomenta colaborações com pessoas e organizações nas comunidades, promovendo novas perspectivas e comportamentos enquanto desafia as normas sociais. Em 2023, fez uma contribuição significativa quando criou o primeiro tradutor de linguagem neutra e participando da criação da primeira inteligência artificial generativa não binária do mundo.
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No Instituto [SSEX BBOX] realizamos projetos e advocacy que visam destacar a diversidade, inclusão e a equidade sobre os temas de gênero, sexualidade, população LGBTQIAP+, raça, etnia e pessoas com deficiência.

As ações do Instituto incluem apresentar ferramentas, conteúdos educacionais, e soluções estratégicas visando o exercício do olhar interseccional para grupos sub-representados. Nossas atividades tiveram início em 2009, a partir de uma série de webdocumentários educacionais que exploram temas da sexualidade e gênero para promover mudanças sociais com base nos direitos humanos.

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